A União Europeia adotou um conjunto de propostas legislativas com o objetivo de tornar suas políticas em matéria de clima adequadas para alcançar metas ambiciosas de redução de emissões líquidas de gases do efeito estufa. Dentre elas, algumas são voltadas às importações de commodities agrícolas, que não poderão ter nenhum indício de conexão com desmatamento (legal ou ilegal) e cuja tendência é que sejam compelidas a adequarem-se a práticas ESG (sigla em inglês que significa ambiental, social e governança).
Essas medidas impactam o agronegócio brasileiro, considerando a constatação, em âmbito internacional, de que as emissões de gases do efeito estufa no Brasil decorrem principalmente de mudanças no uso da terra, que englobam o desmatamento e a atividade agropecuária.
Tudo isso pode ser encarado como dificuldades. Porém, são indicativos de oportunidades.
Oportunidades para o agronegócio brasileiro demonstrar todas as práticas sustentáveis que já são praticadas no campo e registrar estas informações em selos, ISSO, certificações e ações de marketing, valorizando o próprio produto.
Oportunidades para a adoção de técnicas de agricultura regenerativa e/ou sistemas agroflorestais tendo como contrapartida o incremento de receitas: primeiramente, em razão da recuperação da qualidade do solo, que gera aumento de produtividade, e, em segundo lugar, sob a perspectiva de pagamentos por serviços ambientais (PSAs), considerando que os produtores rurais tem acesso a conhecimento técnico e tecnologias que possibilitam a recuperação e/ou manutenção da biodiversidade no campo e, consequentemente, dos serviços ecossistêmicos prestados pela natureza.
Se os povos indígenas são os melhores “guardiões da floresta”, conforme declarado em Relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, os produtores rurais são os melhores “jardineiros”, já que tem acesso a conhecimento técnico e tecnologias que possibilitam a recuperação e/ou manutenção da biodiversidade no campo e, consequentemente, dos serviços ecossistêmicos prestados pela natureza.
Um desses serviços ecossistêmicos que podem ser restabelecidos a partir da atuação do produtor rural diz respeito à preservação de mananciais. Não é à toa que a Agência Nacional de Águas (ANA) lançou com sucesso, há anos atrás, o Programa Produtor de Água, com pagamentos por serviços ambientais relacionados à recuperação de bacias hidrográficas a partir do emprego de boas técnicas agrícolas.
Não fossem as novas exigências internacionais, o agronegócio não teria a grande oportunidade que está em suas mãos de gerar créditos de carbono em decorrência da redução da “pegada de carbono” nas produções agrícolas. Aqui vale à pena mencionar que os principais standards internacionais responsáveis pela emissão destes créditos permitem a submissão de “projetos agrupados”, possibilitando que pequenos e médios produtores rurais, reunidos, tenham condições de obter as receitas provenientes desses ativos.
Vem fazer parte com a Incarbon desse movimento maior que já começou: o movimento pela agricultura sustentável, que gera economia de despesas e incremento de receitas para o produtor.